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É difícil, perante uma página em branco, escrever sobre emoções que nos enchem o coração, nos acalmam a alma e que queremos reviver como se...

É difícil, perante uma página em branco, escrever sobre emoções que nos enchem o coração, nos acalmam a alma e que queremos reviver como se fossem ontem. Por vezes guardamo-las só para nós com medo de se perderem. Foi o que me aconteceu. Várias vezes tentei transportá-las para o papel, mas sem sucesso. Nem sequer queria pensar sobre elas para não as danificar. Mas após alguns meses de silêncio decidi voltar a dar vida a este espaço, com algo tão especial e quase impossível de se traduzir em palavras.


Este verão decidi envolver-me num projeto de voluntariado na Indonésia, na vertente educacional, ou seja, dar aulas de inglês básico a crianças entre os 6 e os 12 anos. Não me perguntem porquê a Indonésia, mas na hora de decidir senti que era lá que devia estar.
Posso-vos já dizer que foram as 6 semanas mais gratificantes da minha vida. No entanto, também não vou mentir ao dizer que as expetativas que tinha eram irracionalmente altas e, à custa disso, senti algumas frustrações. Mas quando vi, pela primeira vez, aqueles olhinhos castanhos escuros, cintilantes e cheios de vida, tudo o resto deixou de importar - foi por eles que atravessei o mundo.
Estive em duas escolas diferentes - uma escola voluntária e outra pública - e, a par disso, ainda dei o meu contributo numa organização que apoia crianças que não têm acesso às condições de vida básicas. São três realidades completamente diferentes, mas confesso que as crianças mais genuínas, sorridentes e humildes são as que conseguem encontrar a felicidade naquilo que nós achamos “nada”.


Foi a experiência de uma vida. Os quase 40 graus que todos os dias me derretiam, a transpiração que passou a ser um estado normal, os banhos de água fria que sabiam a mel no final do dia, tornaram-se nas banalidades do dia-a-dia. O diferente era todos os dias chegar à escola e ser recebida por aqueles miúdos com sorrisos gigantes e abraços, que só nos fazem querer ficar. Corriam para um olá e caminhavam até ao fim da rua para um até amanhã.


O adeus não é fácil. Pensei que custaria menos, mas confesso que tive que conter as lágrimas. É incrível como com tão pouco conseguimos conquistar alguém…
Trouxe comigo as melhores recordações que alguma vez poderia ter, sempre com a esperança de um dia voltar.

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